quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Relatório Kinsey - versão moderna

desfeitos os mitos, a principal preocupação hoje é perceber de que forma a saúde, muito mais do que a idade, influencia o desejo e a sexualidade das pessoas. mas os tabus, não sendo os mesmos, persistem...

Não pergunte a idade, mas sim como vão de saúde - é o que conta na vida sexual dos idosos

Se alguma vez lhe disserem que depois dos 50 anos as coisas esfriam na cama, não hesite em contra-argumentar. Até porque agora, pela primeira vez, há dados concretos sobre a actividade sexual na idade madura: cientistas da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, publicaram ontem no New England Journal of Medicine os resultados de um inquérito exaustivo realizado com 3005 pessoas de idades entre os 57 e 85 anos. Os dados obtidos revelam não só que os inquiridos consideram o sexo uma parte "muito importante" das suas vidas, mas também que o que acontece entre os lençóis depende mais da saúde de cada um do que necessariamente da idade. À medida que os achaques batem à porta da casa dos 70, entram ao mesmo tempo em declínio a saúde física e sexual - fenómeno que se verifica, relevam os resultados, particularmente nas mulheres. O envelhecimento não está dissociado de problemas sexuais (nenhuma idade está, de resto). Entre aqueles que mantiveram a actividade sexual, quase metade queixou-se de algum problema sexual (37 por cento dos homens de disfunção eréctil e, no grupo feminino, 43 por cento de falta de desejo e 39 por cento de secura vaginal). Apesar dos problemas frequentes, poucos são os homens mais velhos (38 por cento) e ainda menos as mulheres (22 por cento) que conversaram sobre questões sexuais com os seus médicos após os 50 anos. Os homens estão mais inclinados a fazê-lo, talvez porque haja drogas eficazes no mercado. Aproximadamente um em cada sete homens (14 por cento) afirmou tomar algum tipo de medicação para melhorar o desempenho na cama. Se, por um lado, há limitações, por outro, concluíram os cientistas, ficou claro durante os inquéritos que os participantes estavam disponíveis para falar sobre o assunto. E também abertos a tentar resolver os problemas. Apenas 2 a 7 por cento dos inquiridos se recusaram a discorrer sobre a sua vida sexual ou problemas relacionados com ela. "As pessoas recusavam-se mais rapidamente a responder a uma questão sobre os seus rendimentos do que sobre sexo", explicou Stacy Teces Lindau, autora principal do estudo e professora de Ginecologia, Obstetrícia e Medicina Geriátrica.Os autores do estudo estão contentes pelo facto de, a partir de agora, os profissionais de saúde poderem contar com informação "fidedigna", obtida "cientificamente" através de entrevistas realizadas a uma "amostra representativa" de inquiridos entrevistados nas suas próprias casas. O questionário incluía questões como o histórico social e conjugal, a função e actividade sexual, assim como aspectos relativos à saúde física e mental. "A falta de informação fidedigna sobre como a actividade e a função sexual podem sofrer mudanças com a idade e a doença, combinada com o tabu que paira sobre a discussão do sexo na terceira idade, contribui para que muitos idosos se sintam preocupados e até envergonhados acerca deste tema", acrescenta Stacy Lindau. O "primeiro inquérito abrangente" sobre o comportamento sexual dos idosos nos Estados Unidos pretende, refere uma nota da Universidade de Chicago, perceber melhor a interacção entre a actividade sexual, o envelhecimento e a saúde. O tema torna-se ainda mais relevante num país onde, em termos populacionais, o segmento etário com mais de 65 anos é o que cresce mais depressa. É verdade, o tempo voa: a geração dos chamados baby boomers chegou à casa dos 60 e Bill Clinton é um bom exemplo disso. Aos profissionais de saúde importa perceber qual é a melhor maneira de ajudar este grupo a envelhecer com saúde física - e, por extensão, saúde sexual.

Andréia Azevedo Soares, Público (22 de Agosto)

1 comentário:

K. disse...

Paivinhinhinhinhinha!!!!


Bienvenida! Beijo grande!