e viveram felizes para sempre?

não são poucas as vezes em que mergulho nos filmes, desejando ser esta ou aquela personagem, de acordo com a disposição. gosto do lado trágico das histórias, que sei que acabam inevitavelmente com o "viveram felizes para sempre". e é o caminho que percorrem durante hora e meia que emociona, que contagia. são os heróis do cinema, na busca incessante do amor, da meta, do final feliz.

à nossa maneira, vivemos todos os dias, muitas vezes sem darmos conta, muito daquilo que nos filmes nos emociona, muitas das questões que nos colocam. nessa altura tomamos consciência que na tela é tudo mais fácil, porque sabemos antecipadamente que a vida se compõe. invejamos aquelas personagens, a coragem e facilidade com que enfrentam o mundo e desejamos que para nós, na nossa vida real, seja exactamente assim.

mas sem certezas. o truque então é aproveitar as cenas em que podemos contemplar a vida, em que ela nos oferece o que desejamos. trazer sempre à mão - porque a tristeza vem sem avisar - as memórias do que já é nosso e foi bom de viver. sem certezas, o futuro encarregar-se-á do resto. nunca se sabe se, tal como naquelas reviravoltas impressionantes, a nossa vida não acaba por ser um guião do filme mais surpreendente.