
se as saudades se materializassem, seriam em forma de nuvem. uma nuvem branca, onde caberia o aconchego de tudo o que não se disse, de tudo o que não se fez. e podia ter dito. e podia ter feito.
é o arrependimento do "se". é a memória do que não foi. é o desejo do "poderia ter sido diferente".
mas não foi. é o traçado das palavras e o contorno dos gestos que nos restam quando já nada podemos mudar. é a tristeza de não ter sido e a certeza (por vezes adormecida) de que agora é que é, de que daqui para a frente não guardaremos nada, nem segredos, nem vontades, muito menos impulsos que fazem bem e enchem a alma (a nossa e a dos outros).
e tem que ser hoje, hoje é o dia. porque se deixarmos para amanhã, pode ser tarde.
2 comentários:
arrepiaste-me agora... :')
talvez por teres razão, talvez por me rever nessas palavras, talvez até por ires assim de mansinho buscar coisas que nem sempre se dão conta mas que estão lá... e quando nos apercebemos delas, há qualquer coisa que nos faz fugir o chão por uns segundos e nos faz pensar que "o que é urgente é viver"
:*
Gosto da maneira matafórica como retractas aquilo que nos é abstracto e nos acompanha. Dia a dia. Ando sempre com uma nuvem branca ao meu lado e adoro quando a desfaço.
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