domingo, 1 de fevereiro de 2009


"no one forgets the truth, they just get better at lying..."

ainda eu não tinha digerido o murro no estômago que "Revolutionary Road" provoca, quando dou de caras com um post que, não tendo no título nada a ver com o filme, acaba por se cruzar com ele: "a vida tal como ela é".

no filme a exposição, a frieza. despir a alma e sonhar com a liberdade perdida. ter vontade de lutar e de viver de novo. viver o que se perdeu na juventude; lutar pelo que já não se pode ter (ou pode?). odiar a rotina, como uma maldição que foi chegando e ficou.

perceber em cada atitude que é inútil querer, que o que é íntimo e privado tem sempre um dedo apontado, um comentário discreto, um preconceito agarrado. que afinal a porta de casa entreaberta, por onde se deixa espreitar, revela mais do que o que se deseja.

uma espécie de "é assim que todas as histórias terminam". um aviso de que os finais felizes estão reservados aos contos de fadas e, a menos que se conheça alguma, a vida depende exclusivamente do que estivermos dispostos a ceder, sem deixar muito espaço para o sonho.

a vida de todos os dias que (nos) destrói. a rotina que aniquila os planos e os desejos. e o filme parece dizer-nos que esta é uma inevitabilidade, sem fuga possível. e o post a dizer que a vida é feita de instantes: aqueles em que queremos ficar, aproveitar; e os outros. e esses outros são os que se cruzam cruelmente connosco, sem contemplações.

2 comentários:

Anónimo disse...

Ainda não vi o filme, mas vi o trailer e também já fui ler esse post que referes do outro blog.
Confesso que quando vi o trailer, não consegui decidir se queria ver o filme. Acho que se calhar por falta de coragem. Acho que se calhar por saber como me ia (vai) deixar depois. Sei que ter medo dessa realidade, ter medo de que isso chegue, não leva a lado nenhum. Porque é inevitável que a vida tenho os seus altos e baixos e não seja sempre um mar de rosas. Mas talvez por isso haja um momento para viver apaixonadamente, porque é isso que vai fortalecendo e criando raízes fortes para que a árvore não tombe à primeira rajada. Porque se não houver uma base, um caminho previamente trilhado, mimado, trabalhado, (até mesmo) sonhado, é mais difícil.
Continuo sem saber se quero ver o filme...

SMS disse...

Oooh... Ainda não vi o filme. Mas a vida real é tal como eu a descrevi. A sabedoria está em fazer de cada momento que foge à rotina um momento verdadeiramente único, especial, perfeito. E saboreá-lo mesmo quando estamos consumidos naquele carro, naquele dia, na vida tal como ela é. Se conseguirmos fazer valer esse momento, se conseguirmos prolongar a magia... então a vida tal como ela é torna-se preciosa.