terça-feira, 29 de dezembro de 2009

ela é a maior!

foram meses, muitos meses sem certezas. ainda hoje não as temos, mas respiramos melhor. começou por ser uma suspeita, que se confirmou sem grande surpresa. mas pior do que imaginámos.
sofremos com ela, sem saber verdadeiramente qual o alcance da violência que as notícias más sempre trazem. ela chorou, fechou-se em casa quando o espírito o exigiu. gritou muito, num som mudo que conseguíamos ouvir ao longe. tinha medo de contar, mas contou. tremia a cada pergunta, mas não hesitou em questionar. abalaram-na as respostas, mas mais ainda as incertezas.
só hoje, enquanto enxugava os olhos, parecia aliviada. com a dor de uma perda que não volta, mas com a convicção de que todos os dias serão agora melhores. incomparavelmente melhores.
ainda vai custar, mas ultrapassar a barreira deu-lhe ainda mais força. lutou cada instante contra nós, contra a doença, contra ela própria. não soube nunca o que era baixar os braços e desistir.
hoje... hoje ergueu-se um pouco. e apesar de não conseguir abrir os olhos, mostrou-nos novamente de que é feita: de garra, de uma força extrema, de amor pela vida que por vezes a desilude.
é nela que agora penso todos os dias. e a cada contrariedade, procuro-lhe o exemplo e a dedicação, a crença (que ela diz que perdeu, sem saber que esteve lá o tempo todo) e a vontade.
como diria alguém que conhecemos, não sou lesma mas gosto muito de ti, miúda! o caminho ainda é longo, mas estaremos por perto para te ajudar a percorrê-lo.