república das bananas

sábado, 09h30
buzina. mesmo debaixo da janela do meu quarto. não pode ser!, pensei. é. insistentemente. e definitivamente uma p*ta duma buzina. ao fim de uns minutos de tortura, levantei-me, abri o estore e vi uma rapariga e um rapaz muito brancos, com ar desesperado, porque estavam entaipados entre o meu prédio e 3 simpáticos automóveis, cujos donos desconhecem as palavras respeito e cidadania. esperei que a mão dela se descolasse da buzina e perguntei: não é melhor chamar o reboque?
o ar deles a olharem para mim vagueou entre o constrangimento e a admiração. e eu, ramelosa e com os olhos meio abertos ainda pouco habituados a tanta luz, com ar de se-tocas-outra-vez-nessa-m*rda-vou-aí-abaixo-e-levas-uma-malha-que-não-te-levantas-tão-depressa.
o quê?, perguntou ela. percebi pela matrícula do carro e pelo sotaque que era estrangeira e que os conhecimentos de português eram básicos. ok, e chamar a polícia? é que há pessoas a tentar dormir!! não tinha o número, eu dei-lho. certo é que a buzina se calou.
a polícia apareceu (claro, não consegui dormir mais e espreitei o que se passava pela janela...), esteve ali com ela um bom bocado - o suficiente para eu tomar o pequeno-almoço, arrumar a casa e tomar banho -, depois pirou-se e ela retomou o buzinão: piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!

sábado, 11h20
saio de casa e a cara-pálida continua firme na buzina. perguntei-lhe o que se tinha passado. a polícia veio aqui, passou uma multa de 30€ ao carro que me está a tapar, mas disse que como também estou mal estacionada [em cima do passeio], não podem chamar o reboque! e pronto, foi isto. eu fui à minha vidinha e ela lá ficou a apitar a apitar a apitar.

moral da história: nunca tenham uma emergência no meu bairro. ah, e nunca ambicionem dormir até tarde a um fim-de-semana!