sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

1 ano depois

fez ontem 1 ano que o meu pai foi operado ao coração. estranhamente, tenho hoje bem presente na memória o que vivi e senti naquele dia e em todos os que precederam. estranho porque tenho sempre essa inexplicável capacidade de não conseguir recordar momentos negativamente marcantes. é impressionante a memória selectiva mas inconsciente que criamos perante a adversidade.

ontem, precisamente 1 ano depois, foi no olhar da Catarina que recordei a sensação de estar deslocada, alheada do mundo que julgamos conhecer e onde nos sentimos seguras. hoje, 1 ano depois, é ela quem precisa, quem grita sem eco, quem chora sem lágrimas, quem ingénua mas convictamente deseja entrar na máquina do tempo e fixar-se novamente na certeza de que a vida não é mais do que uma rotina confortante e percalços que não causam dor ou mágoa.

e hoje, um ano e um dia depois, a Ana diz que nunca tem pressentimentos, mas que sabe que 2008 é um bom ano. acredito muito nisso, agarro-me à convicção dela com unhas e dentes, porque todas precisamos. e sinto saudades daqueles anos da complexidade das aulas, dos almoços tardios, das confissões nas cadeiras de plástico do bar, das cartadas na esplanada ao sol, do escuro da sala de cinema em que nos enchíamos de pipocas (doces e salgadas, para contentar a Raquel e a mim própria), dos jantares regados a sangria, das madrugadas à conversa.

é sempre bom recordar-nos. como ontem.

2 comentários:

CHM disse...

Não me apercebi que estávamos também a recordar este ano sobre o teu grande susto! Mas fico feliz por ter estado lá, depois de ter estado menos do que queria quando devia...

E obrigada! A tua mensagem a marcar o jantar caiu aos trambolhões de uma qualquer estrela-madrinha. Um impulso que foi teu, sem saberes (não poderias saber!), mas que me fez sentir tão bem naquele momento =). Sei que já não somos as mesmas, que cada vez estão mais longe as nossas cadeiras de plástico e as cumplicidades em intervalos soalheiros, mas somos sempre especiais. E tenho a certeza disso de cada vez que temos tempo para nos sentarmos com os olhos bem entrelaçados umas nas outras!

Bravo disse...

Ainda bem que nos fazemos bem...

Beijo*