domingo, 22 de março de 2009

um mundo sem queixas


tenho reparado que ultimamente nas prateleiras das livrarias se multiplicam os livros de auto-ajuda. costuma haver um expositor junto à caixa recheado de títulos como "mude a sua vida em sete dias", "como superar as preocuapções" ou "o segredo", entre centenas de outros títulos apelativos. há-os em versão mini, maxi ou encapotados em guias mais-ou-menos médicos, mas todos com um mesmo objectivo: vender e fazer lucro à conta da época de apregoada crise que se vive.

ontem, quando fui comprar o jornal, reparei na revista Happy, na banca junto à caixa, pois claro. lembrei-me de uma cadeira que tive na faculdade - Discurso dos Media - que nos ensinava a ver todos os meios de comunicação social, sem apenas olhar. na altura um dos trabalhos que tínhamos que fazer era desconstruir uma destas revistas que, não sendo cor-de-rosa, nos fazem acreditar que, no plano global, a paz no mundo é possível ou que se pode enriquecer a trabalhar e, num nível mais pessoal, se pode envelhecer sem rugas, sem celulite e num ambiente de felicidade extrema (no caso das mulheres) ou passear uma mulher de 30 quando já se tem 80, num descapotável vermelho, e divertir-se com ela sem precisar do comprimido azul (no caso dos homens).

adiante. ontem, no meio de dezenas de páginas com publicidade, descobri na Happy alguns artigos com graça ("o mundo swing", com o roteiro dos melhores locais em Portugal e relatos de experiências, ou "a calculadora do divórcio", um método recente que revela, através de umas contas mágicas, o futuro sucesso ou não de um casamento), outros cujos temas me pareceram absurdos ("a viagem à descoberta do mundo dos espíritos" ou "o horóscopo do sangue", uma espécie de perceba-pelo-tipo-de-sangue-se-esse-é-o-homem-da-sua-vida) e, finalmente o tão desejado e destacado tema da mudança: "sem pensamentos negativos em 21 dias - o plano que vai transformar a sua vida". o artigo parte, claro!, de um livro de auto-ajuda que, não sendo por si só suficiente, traz uma pulseira roxa que, ela sim, vai mudar as nossas vidas. chama-se "um mundo sem queixas" e a teoria é simples: cada vez que nos queixarmos de alguém ou alguma coisa, a pulseira deverá trocar de pulso, de forma a nos apercebermos da quantidade de vezes que somos pessimistas e negativos. porquê 21 dias? é o tempo que leva a abandonar um mau hábito, diz a Publishers Weekly.
se a pulseira for gira, ainda experimento.

p.s. a revista também dedica algumas páginas às cuecas vibratórias e ao sexo tântrico, mas deixo isso para post futuro.

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