sábado, 11 de dezembro de 2010

da simplicidade

a propósito deste post, lembrei-me dos meus dias de adolescente. os dias em que o mundo parecia desabar, quando as coisas não aconteciam exactamente como eu passara horas e horas no quarto a sonhar.
lembro-me de um dia a minha mãe me dizer que o meu ídolo (o único por quem tive uma paixão assolapada, apesar de nunca o ter conhecido - mas era do Benfica e jogava bem e isso para mim bastava), o João Vieira Pinto, ia estar no hospital onde ela trabalha a visitar uma criança gravemente doente. pedi-lhe logo que me deixasse faltar à escola para o conhecer e levar o meu rol de posters para ele autografar. disse-me que não! apesar de naquele dia ser a festa de Natal da escola e, provavelmente, ninguém nos marcar falta.
acho que nunca tinha sentido tamanha tristeza. um verdadeiro drama. a vida podia de facto ser muito injusta aos 12 anos!
lembro-me depois do meu ar iluminado quando, num acesso de boa vontade, a minha mãe me trouxe os posters autografados e com uma dedicatória. um pequeno consolo, perante a possibilidade perdida de ter recebido duas beijocas na cara.

hoje... bem, hoje a vida é muito diferente desses dias. gosto de recordar essa simplicidade, porque ajuda a relativizar uma série de coisas. mas hoje... bem, hoje custa infinitamente mais superar os problemas. continuo a ter vontade de me fechar no quarto a chorar, mas a vida não permite. hoje não há autógrafos que nos encham a alma nem beijos perdidos nos corredores de um hospital. hoje há apenas o despertar diariamente para enfrentar a vida e sobreviver.

2 comentários:

Dylan disse...

O João V. P. foi um exemplo como desportista e como homem.

Di disse...

era mesmo necessário contares que o teu ídolo era o João Pinto? era?! :P